Mão
Morta

Mão Morta (k7)

Oub’ Lá

Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro

Oub´lá que é que estás a fazer?
Quero é que tu te bás foder!
Qual é a tua identidade?
Perdi-a aí pela cidade!
Para que é que estás todo à manière?
Ando a ber se faço uma mulher!

Rouba! Rouba! Rouba! Rouba!
Os que te querem bem!
Rouba! Rouba! Rouba! Rouba!
Os que te querem mal!

Oub' lá que é que estás a fazer?
Quero é que tu te bás foder!
Qual é a tua identidade?
Perdi-a aí pela cidade!
Que fazes c' a carteira do Tó?
Quero guita para ir buscar pó!

Rouba! Rouba! Rouba! Rouba!
Os que te querem bem!
Rouba! Rouba! Rouba! Rouba!
Os que te querem mal!

Véus Caídos

Zé dos Eclipses / Zé dos Eclipses

Das garrafas há muito entornadas
Onde as cinzas dos mortos repousam
Crescem flores enegrecidas
Onde anjos malditos pernoitam
Das mulheres que eles amaram
Jamais se despregaram

Os negros véus sempre caídos
O pranto sempre vestido
Os demónios fervorosamente escondidos

Mãe! Mulher! Nascida dos ratos
Mãe! Mulher! Fermentada no armazém
Súcubo! Procuras-me enforcado
Súcubo! Visitas-me desmaiado

Abandonada

Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro

Abandonada à beira rio
Pela calada da noite
A cidade apodrece.

Remexendo no visco
Como ratazanas dos esgotos
Ansiando alimento
Percorrem-se as vielas.

O amor, sublimada filigrana
Submergido pelo lodo
Torna-se disforme
Destroço asfixiado em desperdícios...

E o sol fotografa-nos
No vómito de uma dor imensa
Derradeira!

Aum

Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro, Mão Morta

Quem vem do cemitério pela rua do antigo teatro, chegando ao largo onde estão as ruínas da igreja dos Jesuítas, vira à direita, para a rua da estação do caminho-de-ferro, e segue sempre em frente, acompanhando a linha do comboio, até chegar a um barracão a que chamam museu e onde guardam as velhas locomotivas a vapor e as ferrugentas carruagens de bancos de madeira. Aí, mete pela rua onde não passam carros até chegar a um quiosque, daqueles redondos, frente ao qual, do lado esquerdo da rua, existe um cafezinho com esplanada onde ainda servem café de saco. Entra pelo café e sai pela outra porta, que dá para a rua do jardim. Contorna depois o lago dos cisnes, em direcção ao cruzamento com semáforos, e mete pela avenida do cinema, no sentido do novo bairro administrativo, até chegar a um arranha-céus acabado de construir. Aí, vira à direita, para a rua que passa pelas piscinas recentemente inauguradas e, chegando ao centro comercial em construção, aquele que dizem vir a ser o maior da Europa, com não sei quantas lojas e não sei quantos andares, enfia pela rua que ladeia os terrenos destinados ao futuro complexo desportivo no fim da qual encontra a maternidade. O tempo não espera por mim! O tempo não espera por mim!

Sitiados

Adolfo Luxúria Canibal / Carlos Fortes

Em volta
O triturar exausto de máquinas infernais
Tráfego tráfego & punhais
Fábricas prédios em construção
Néons buzinas tudo em combustão!
E a terna poesia
De uma sucata sombria
Dejectos & detritos
Em abraços de ferrugem
Gritos!

Sitiados!

Ao longe
Um campo de cruzes retorcidas
Relampejando do sol-pôr brumas homicidas...

Tráfego tráfego & punhais...
& punhais...

Sitiados!

E se depois

Zé dos Eclipses / Zé dos Eclipses, Miguel Pedro

E se depois
O sangue ainda correr
Corre atrás dele

E se depois
O fogo te perseguir
Aquece-te nele

E se depois
O desejo persistir
Consome-te nele

E se depois
O sangue ainda correr
Corre atrás dele

E se depois

mão morta k7

Ficha técnica

Produção de Mão Morta. Capa de José Carlos Costa. Editado em Agosto de 1987. Edição original Malucos da Pátria.

SITIADOS e E SE DEPOIS

  • Adolfo Luxúria Canibal – voz
  • Zé dos Eclipses – guitarra
  • Carlos Fortes – guitarra
  • Joaquim Pinto – baixo
  • Miguel Pedro – bateria

Gravado e misturado em Maio de 1987 por Hipo no Hipolab Studios – Oeiras.

OUB’LÁ, VÉUS CAÍDOS, ABANDONADA e AUM

  • Adolfo Luxúria Canibal – voz
  • Zé dos Eclipses – guitarra, voz
  • Carlos Fortes – guitarra<, voz
  • Joaquim Pinto – baixo
  • Paulo Trindade – bateria, voz

Gravado e misturado em Julho de 1987 por Ramiro Martins no Edit Studio – Amadora.

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