O início
A 1ª formação
Joaquim Pinto . Miguel Pedro . Adolfo Luxúria Canibal
Em Outubro de 1984, Joaquim Pinto assiste em Berlim a uma actuação dos Swans. No final do concerto encontra Harry Crosby, baixista da banda nova-iorquina, que lhe diz que ele tem cara de baixista. Pinto regressa a Braga, compra um baixo e, em Novembro desse ano, forma os Mão Morta, com Miguel Pedro na guitarra e Adolfo Luxúria Canibal na voz.
Antes dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal formou os Bang-Bang, banda que nasceu no carnaval de 1981. Seguir-se-ia, ainda no mesmo ano, já com Miguel Pedro na bateria, os Auaufeiomau, por onde passaram vários jovens artistas bracarenses. Este projecto aliava a música a outras formas de expressão artística, com espectáculos como Rococó, Faz o Galo (espectáculo multimédia de dança, teatro, mímica e música - Abr'83), Dos Gatos Brancos que Jazem Mortos na Berma do Caminho-de-Ferro (performance musical, em conjunto com Carlos Corais, a partir de ruídos de comboios - Jul'83) ou Labiú e a Pulga Amestrada (performance circense - Dez'83.) No carnaval de 1984, Adolfo Luxúria Canibal formou, com Joaquim Pinto e Miguel Pedro, os PVT Industrial, um grupo de berbequins e ritmos de teares que serviu de base para a formação dos Mão Morta.
Antes dos Mão Morta, Miguel Pedro assumia as funções de vocalista e teclista nos WC, banda que formou com o irmão em 1980. Com os WC participou no concurso Só Rock, tendo chegado à final, que se realizou em Coimbra em Julho de 1981. Os WC foram depois alterando o nome e a formação, sempre à volta do mesmo núcleo base, primeiro para Dernier Cri, depois para Doutores de Dezembro, depois ainda para Subverso, nome com que em 1983 lançaram o single Domingos de Manhã, até estabilizarem como Bateau Lavoir, já com Miguel Pedro na bateria. Simultaneamente, Miguel Pedro formava com Adolfo Luxúria Canibal os Auaufeiomau e depois, com Adolfo Luxúria Canibal e Joaquim Pinto, os PVT Industrial.
Antes dos Mão Morta, a única experiência musical de Joaquim Pinto foi nos PVT Industrial, com Adolfo Luxúria Canibal e Miguel Pedro, onde tocava berbequim eléctrico e percussão.
A Estreia ao vivo
Entra Zé dos Eclipses
Os Mão Morta estreiam-se ao vivo, em Janeiro de 1985, no Porto, no Orfeão da Foz. Dois meses mais tarde Zé dos Eclipses entra para a guitarra, passando Miguel Pedro para a bateria.
Em Novembro de 1985, Zé dos Eclipses estreia-se ao vivo no concerto realizado na Fábrica, em Braga. Participam no 1.º Concurso de Nova Música Rock, no Pavilhão Infante de Sagres, onde ficam em 4.º lugar..
O Prémio de Originalidade do RRV
Entra Carlos Fortes
São apurados para o III Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous onde acabariam por obter o Prémio de Originalidade, que era o mais apetecível e prestigiante galardão em disputa depois da sua entrega no ano anterior aos Pop Dell’Arte.
Em Setembro, Carlos Fortes entra para o grupo, na 2.ª guitarra, e em Outubro de 1986 os Mão Morta têm a sua estreia internacional com um concerto em Vigo (Espanha), no El Kremlin, integrados na mostra Rock Vigo-Oporto 86. No decurso desta participação viria a frutificar uma amizade entre os Mão Morta e os Pop Dell’Arte, que também faziam parte do cartaz.
A edição de Mão Morta (K7)
As Jornadas do Império com Gun Club
O ano de 1987 ficou marcado pela devastação do Cinema Império, em Lisboa, quando os Mão Morta, integrados no cartaz das Jornadas do Império, aí actuaram em Outubro juntamente com os americanos Gun Club.
A RUT – Rádio Universidade Tejo elegeu, em Fevereiro de 1987, os Mão Morta como “a melhor banda nacional sem registo em vinil”, com a oferta de tempo de estúdio profissional para a gravação de dois temas, que viriam a ser editados em Agosto, juntamente com outros 4 temas entretanto gravados, em formato K7, pela Malucos da Pátria. Em Novembro estreiam-se ao vivo na televisão, no programa juvenil Fisga, transmitido pelo Canal 1 da RTP – Radiotelevisão Portuguesa.
O 1º álbum: Mão Morta
O concerto com Wire
O concerto com Nick Cave & The Bad Seeds
Quando o jornal de música Blitz publica em Janeiro de 1988 as escolhas dos seus leitores sobre os melhores do ano anterior, os Mão Morta são surpreendentemente contemplados com diversas nomeações, surpresa ainda maior tendo em conta que são o único nome a aparecer sem qualquer disco gravado: surgem em 9º lugar na categoria de “melhor grupo nacional”, em 7.º na de “melhor grupo ao vivo nacional” e em 8º na de “melhor cantor nacional”, com Adolfo Luxúria Canibal.
O álbum homónimo é editado em Julho desse ano através da editora Ama Romanta.
Em Outubro de 1988 fazem a primeira parte dos britânicos Wire, no Pavilhão Infante de Sagres, no Porto, aquando do lançamento do LP, um novo jornal de música que se posicionava mais atento à cena independente do que o Blitz.
Em Dezembro fazem as duas primeiras partes, no Pavilhão Carlos Lopes em Lisboa e no Teatro Rivoli no Porto, do australiano Nick Cave com os seus Bad Seeds.
O ano de 1988 termina com a publicação das escolhas dos leitores do LP onde recebem vários prémios.
A compilação À Sombra de Deus
A facada
Participam na compilação À Sombra de Deus, com o subtítulo Braga 88, que teve um grande impacto mediático, não só por ser a primeira vez que, em Portugal, uma Câmara Municipal apoiava a cultura juvenil e editava um disco de bandas locais, mas sobretudo por finalmente estar disponível um registo do que era a afamada movida bracarense, de que muito se falava mas que poucos, fora de Braga, conheciam, tirando os seus representantes mais notórios Mão Morta, Rongwrong e Bateau Lavoir.
Apesar de ter sido um ano de grande actividade musical, 1989 acabaria por ficar para a história dos Mão Morta como aquele em que Adolfo Luxúria Canibal infligiu a si próprio vários golpes numa perna, num concerto realizado num Rock Rendez-Vous completamente lotado. Meses depois, em entrevista à televisão, justificava-se dizendo que o Rock Rendez-Vous estava demasiado cheio, com um ambiente muito pesado, “de cortar à faca”, e antes que pudesse acontecer alguma desgraça decidiu mostrar sangue, “porque o sangue acalma os ânimos”, mas com o calor da prestação não se tinha dado conta da gravidade das lesões…
Fotografia de Fernando Almeida, 1987
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