Mão
Morta

Biografia

anos

1990

Sai Joaquim Pinto

Entra José Pedro Moura

Entra António Rafael

O 2º álbum: Corações Felpudos

Começavam a preparar um novo disco quando Joaquim Pinto abandona a banda, após o concerto que os Mão Morta deram em Janeiro de 1990 no Rock Rendez-Vous. Seria substituído por José Pedro Moura, até aí nos Pop Dell’Arte, e que se viria a estrear como baixista da banda num concerto em Aveiro.

Mas antes, em Maio, num ano em que rarearam as prestações ao vivo, os Mão Morta, num lotado Cinema Alvalade, fazem mais um apoteótico concerto em Lisboa, na primeira parte dos suíços Young Gods, onde apresentam a integralidade de Corações Felpudos e que contou com a estreia ao vivo de António Rafael nas teclas e na 3.ª guitarra. António Rafael já participara nas gravações do disco, enquanto músico convidado, mas com este concerto tornava-se oficial a sua entrada no grupo. Corações Felpudos seria editado apenas em Setembro de 1990 através da marca Fungui, a fábrica de sacos e carteiras de Vítor Silva, "manager" da banda desde os tempos da Malucos da Pátria.

No final de 1990 estão em estúdio a gravar aquele que seria o seu terceiro disco: O.D., Rainha do Rock & Crawl. A editora independente Área Total, da Guarda, mostrara-se interessada em editar o Corações Felpudos, mas não tendo disponibilidade financeira para pagar o seu custo convencera a banda a editar um novo registo, gravado num estúdio mais barato.

1991

O 3º álbum: O.D., Rainha do Rock & Crawl

Sai Zé dos Eclipses

Entra Sapo

E em Janeiro de 1991, enquanto os balanços referentes a 1990 do semanário cultural Se7e e do jornal generalista Público incluíam Corações Felpudos como um dos melhores álbuns do ano, já os Mão Morta tinham um novo disco pronto. A sua edição estava prevista para Fevereiro, quando a banda se apresentou para dois concertos esgotados na nova sala lisboeta Johnny Guitar, mas por atrasos vários na feitura das capas, que acabaram por sair com cores adulteradas e com os rótulos da rodela de vinil por colar, a sua edição só aconteceria em Junho, num concerto na Covilhã, na discoteca Fábrica.

Este seria também o último concerto de Zé dos Eclipses com a banda, uma vez que estava de partida para Santa Bárbara, nos EUA, primeira etapa de uma carreira de leitor de Português e de adido cultural que o levaria ainda a Santiago do Chile, no Chile, a Fez, em Marrocos, e a Paris, em França. Dois dias antes, num concerto em Santo Tirso, tinha-se estreado Sapo, anteriormente guitarrista dos Pop Dell’Arte, que o iria substituir na guitarra.

1991 contou com bastantes mais concertos do que o ano anterior, embora sem atingir o número a que a banda se habituara até 1989, mas sobretudo voltou a haver interesse mediático pelo trabalho do grupo, com o jornal Blitz a dar capa aos Mão Morta em Fevereiro, a propósito da edição, entretanto adiada, de O.D., Rainha do Rock & Crawl, e o Se7e a fazer outro tanto em Junho, tal como o semanário regional Minho. Por sua vez, em Dezembro, no seu balanço anual, o jornal Público inclui O.D., Rainha do Rock & Crawl na sua lista das dez melhores edições do ano.

1992

O concerto com Jesus & Mary Chain

O 4º álbum: Mutantes S.21

Apesar disso, com os problemas que houve nas edições de Corações Felpudos e O.D., Rainha do Rock & Crawl e com um novo rarear de concertos, o moral da banda encontrava-se de rastos – em 1992 fazem um único concerto, em Abril, na primeira parte dos britânicos Jesus & Mary Chain, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, e mesmo esse com sabor amargo, com José Pedro Moura - retido por uma rusga policial no bairro do Casal Ventoso, onde a sua dependência de heroína o obrigara a deslocar-se - a ter de ser substituído à última da hora por António Rafael...

Face à inércia que se instalava, Adolfo Luxúria Canibal convence Vítor Silva a apostar num novo disco e em Maio os Mão Morta entram novamente em gravações. Escolhem o melhor estúdio português da época, o Angel, onde se mantêm até Julho e onde conhecem o produtor e técnico de som José Fortes, com quem entram em perfeita sintonia. Apesar da ausência de José Pedro Moura, que aparece um único dia em estúdio, a banda ganha confiança e entrega-se de alma e coração à produção daquele que viria a ser o seu disco mais celebrado: Mutantes S.21.

Editado no início de Dezembro, novamente pela marca Fungui, o disco, que é uma viagem pelos bastidores de nove cidades, ainda vai a tempo de ser contabilizado nos balanços anuais da imprensa, sendo “melhor disco nacional do ano” para o Diário de Notícias e incluído na lista dos dez melhores do ano do Público e do Se7e, enquanto o grupo é capa do Blitz e do Se7e.

1993

O êxito de Budapeste

O concerto do Teatro-Circo

O magazine de cultura juvenil Pop-Off, difundido pela RTP2, apresentava semanalmente videoclipes por si realizados de bandas independentes e mais uma vez, a exemplo do que acontecera quando da edição de Corações Felpudos e de O.D., Rainha do Rock & Crawl, convida os Mão Morta para fazerem um vídeo de Mutantes S.21. O tema escolhido é Budapeste e para o realizar foi destacado Nuno Tudela, com quem a partir daí o grupo mantém uma relação de duradoura cumplicidade. O clip de Budapeste acaba por ser o mais solicitado num outro programa diário do canal 1 da televisão pública, o Vira o Vídeo, onde se mantém semanas a fio em 1º lugar do seu Top Vídeo, arrastando consigo um inesperado airplay radiofónico, que faria com que em 11 de Fevereiro de 1993 Mutantes S.21 entrasse no 28.º lugar do Top Nacional de Vendas. Ainda nesse mês os Mão Morta fazem a capa da revista Académica.

O êxito de Budapeste e de Mutantes S.21 não poderia deixar de se reflectir na solicitação de concertos, tanto mais que o grupo contratara com uma nova agência de espectáculos (de Mário Dimas, um experiente agente), e 1993 é um ano de tournée triunfal, com várias actuações míticas. Iniciada em Março, com as primeiras partes dos americanos Tubes, no Pavilhão Carlos Lopes em Lisboa e no Coliseu do Porto, a tournée de Mutantes S.21 leva ainda os Mão Morta, como cabeças de cartaz, à Queima das Fitas da Universidade do Porto ou à Semana do Enterro da Universidade de Aveiro, onde o deboche em palco lhes vale uma interdição da academia por vários anos.

Outros concertos desse ano ficariam gravados na memória, como em Março os confrontos que provocaram com a polícia em Mirandela ou em Junho a invasão do palco por uma fã com seios nus numa lotada Incrível Almadense, em Almada, mas nenhum se aproxima do que em Maio protagonizaram no Teatro-Circo, em Braga: a assistência, numa sala mais que esgotada, rendeu-se ao grupo e foi como se levitasse, completamente inconsciente dos seus actos, num histerismo colectivo de difícil explicação, para só aterrar no final, num Teatro-Circo destruído, de que quase só as centenárias paredes resistiram. Pelo meio tinha havido de tudo, desde mergulhos para a multidão até uma tentativa de sexo oral com Adolfo Luxúria Canibal por parte de uma fã mais incontrolada.

Esse concerto tinha tido como pretexto o lançamento de uma edição especial de Mutantes S.21, com um livro de banda-desenhada a ilustrar os diversos temas do disco, numa espécie de despedida ao velho vinil: Mutantes S.21 era também a primeira edição do grupo no novo suporte CD. O álbum teria ainda uma nomeação para os Se7e de Ouro de 1993, na categoria "melhor disco" (os Se7e de Ouro eram um prestigiado galardão anual instituído pelo semanário Se7e, que premiava as diversas manifestações dentro da área do espectáculo – música, teatro, cinema – que mais se tinham distinguido no ano), e em Novembro seria incluído na selecção Os Melhores Discos de Sempre da Música Portuguesa, o primeiro balanço sobre a edição musical portuguesa, organizado pelo Diário de Notícias.

Ainda em Novembro tocam com os britânicos Inspiral Carpets, na Grande Nave do Parque de Exposições, em Braga, na apresentação do 2.º volume da série À Sombra de Deus, cuja ideia de retrato do estado de criatividade da música bracarense tinha sido retomada por Miguel Pedro, ainda e sempre com o patrocínio da autarquia, e dão a primeira entrevista para uma televisão estrangeira, no caso a Lemon TV, da Escócia.

Mas antes já haviam despertado o interesse da multinacional BMG: os seus responsáveis estavam presentes no Portugal Ao Vivo, um espectáculo que em Julho enchera o Estádio de Alvalade com a apresentação ao vivo dos principais nomes que dominavam o top português de discos vendidos e em cujos ecrãs gigantes, nos intervalos das actuações, passavam os videoclipes realizados pela equipa do programa de televisão Pop-Off, e tinham ficado muito impressionados ao verem aquela imensa multidão cantar em coro o Budapeste cada vez que o clip passava no ecrã. Imediatamente contactaram o grupo e no final do mês os Mão Morta assinavam com a BMG um contrato por um disco, por opção da banda que não se queria comprometer por mais tempo, entrando em Dezembro em estúdio para a gravação do quinto disco.

1994

O tributo a António Variações

O 5º álbum: Vénus em Chamas

O tributo a Zeca Afonso

Sai Carlos Fortes

Entretanto, os Mão Morta eram solicitados para entrar num disco-tributo a António Variações, que seria editado em Janeiro de 1994 pela EMI, com o título Variações – As Canções de António, e num disco-tributo a José Afonso, que seria editado em Abril pela BMG, com o título Os Filhos da Madrugada Cantam José Afonso, com o tema O Avô Cavernoso, que receberia o disco de platina pelo número de vendas.

Antes, em Março, era editado o seu primeiro disco para a BMG, Vénus em Chamas, no qual os Mão Morta se esforçam por não apresentar nenhum potencial êxito radiofónico, antes se espraiam por experimentalismos vários, tornando a digestão do álbum difícil para o grande público. Não impede que o grupo seja capa do semanário Blitz e do suplemento musical PopRock do jornal Público, bem como apareça na primeira página deste último, e, já em Julho, capa do suplemento Estilos do Diário de Notícias, nem que, no final do ano, Vénus em Chamas seja eleito "melhor disco do ano" pela Antena 3, canal juvenil da Radiodifusão Portuguesa, e incluído nos melhores discos do ano pelo Diário de Notícias ou pela VoxPop, revista da cadeia de lojas de música Valentim de Carvalho.

No entanto, a gravação deste disco não tinha sido nada pacífica no seio da banda, a começar pelo seu título, originalmente apresentado como Fátima Radical, Bailarina, 22 Anos, com vários desentendimentos sobre o material a gravar, e a consequência foi a saída de Carlos Fortes dos Mão Morta, cujo último concerto oficial foi em Dezembro, na Gartejo, em Lisboa, embora continuasse a tocar com o grupo até ser encontrado um substituto.

Num ano de muitos concertos, com nova actuação em Maio como cabeças de cartaz na Queima das Fitas da Universidade do Porto ou na Semana Académica do Instituto Politécnico da Guarda, 1994 ficaria no entanto marcado pela participação dos Mão Morta num novo evento de estádio, o Filhos da Madrugada Ao Vivo, que teve lugar em Junho no Estádio de Alvalade, no quadro da Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura, e que juntou os diversos intervenientes no disco de homenagem a José Afonso.

Ainda em 1994, em Setembro, é finalmente editada a colectânea À Sombra de Deus – Volume 2 e o primeiro maxi single do grupo, num regresso ao vinil, com variações sobre o tema Cães de Crómio incluído em Vénus em Chamas.

1995

A queima das Fitas com The Fall

Entra Vasco Vaz

O 6º álbum: Mão Morta Revisitada

O Blitz, com o desaparecimento do semanário Se7e, decide instituir para a música um galardão que viesse ocupar o espaço deixado vago pelos Se7e de Ouro, e lança os Prémios de Música Blitz. Em Março de 1995 os Mão Morta são nomeados nas categorias "grupo nacional do ano" e "melhor vocalista masculino nacional", através de Adolfo Luxúria Canibal.

1995 foi novamente um ano repleto de concertos, com os Mão Morta em Maio a serem cabeças de cartaz nas Semanas Académicas do Instituto Politécnico de Leiria e do Instituto Politécnico de Bragança, a participarem pela primeira vez no maior acontecimento estudantil português, a Queima das Fitas da Universidade de Coimbra, onde partilham o palco com os ingleses The Fall, e em Junho a integrarem o alinhamento do seu primeiro festival de Verão, o Imperial Ao Vivo, em Lisboa.

Apesar de Vénus em Chamas ter sido um disco complicado de vender e de ter furado as expectativas da editora, a BMG insiste em editar um novo registo e os Mão Morta propõem-lhe uma colectânea de temas antigos, só disponíveis em vinil, mas regravados de novo, o que é aceite. Mão Morta Revisitada começa a ser gravado em Agosto, na sala de ensaios da banda, em Braga, sob a direcção de José Fortes, que desde Mutantes S.21 nunca mais se divorciou do grupo, sendo editado em Outubro de 1995, com uma festa concerto em Palhais, a aldeia de José Fortes, e onde Vasco Vaz se estreia como guitarrista dos Mão Morta em substituição de Carlos Fortes. O disco tem boa recepção, com o jornal Blitz a dar capa ao grupo, e entra directo para o 12º lugar do Top Nacional de Vendas, em cuja lista se mantém várias semanas, sendo referido nos melhores do ano pelo semanário Expresso, pelas revistas de lojas de discos VoxPop e D.I.S.C.O. e pelas rádios XFM e Antena 3. Entretanto, em Outubro, o primeiro álbum Mão Morta é incluído pelo jornal Público na sua selecção Os Melhores Discos de Sempre Feitos em Portugal Até aos Anos 90.

Em Dezembro de 1995 os Mão Morta recebem a Medalha de Mérito – Grau Prata da Cidade de Braga.

1996

O incêndio do back-line

Em 1996 os Mão Morta dedicam-se sobretudo a tocar ao vivo, ano em que batem o seu recorde de concertos anuais, com destaque para a participação em Março como cabeças de cartaz no festival Combate Rock, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, durante a qual Adolfo Luxúria Canibal ataca violentamente o tipo de jornalismo musical praticado pelo suplemento PopRock do jornal Público (o que os baniria do jornal por vários anos...), a actuação em Abril na entrega dos Prémios de Música Blitz – 1995, no Coliseu dos Recreios, também em Lisboa, a ida em Agosto como cabeças de cartaz ao 4.º festival internacional de Paredes de Coura ou as actuações, também como cabeças de cartaz, na Recepção ao Caloiro da Universidade do Minho, em Outubro, em Braga, e na Festa das Latas da Universidade de Coimbra, em Novembro.

Mas o ano, e o futuro, ficariam marcados pelo incêndio que, no final de Setembro, no acesso à ponte 25 de Abril, em Lisboa, destrói a carrinha que transporta o back-line e os instrumentos do grupo, quando se dirigia para um concerto em Troia. Face à adversidade, os Mão Morta, em troca da substituição de todo o material ardido, assinam em Outubro um contrato para dois discos com a NorteSul, etiqueta discográfica do grupo Valentim de Carvalho que representava em Portugal as principais marcas de instrumentos. Outra consequência desse incêndio é o afastamento de Vítor Silva do management da banda, funções que exercia desde 1986, por no entender do grupo não ter estado à altura da gravidade do acontecimento.

Mas antes disso, em Junho, os Mão Morta recebem do encenador Jorge Silva Melo um convite, em nome do Centro Cultural de Belém (CCB), para musicarem poemas do falecido dramaturgo alemão Heiner Müller, a propósito da apresentação póstuma da peça Germania 3.

1997

O Müller no Hotel Hessischer Hof no CCB

O 7º álbum: Müller no Hotel Hessischer Hof

O Prémio Blitz Videoclip de Chabala

O Festival Paredes de Coura com Rollins Band

A banda, com a colaboração da figurinista Ana Rita e da realizadora Mariana Otero, transforma o convite na concepção de um espectáculo multimédia, Müller no Hotel Hessischer Hof, que estreia em Janeiro de 1997 num CCB esgotado e eufórico. O espectáculo faz mais duas datas esgotadas na sala pequena do Centro Cultural de Belém e outras três, sempre esgotadas, no Teatro Garcia de Resende, em Évora, no Teatro-Circo, em Braga, e no Teatro Gil Vicente, em Coimbra. A gravação do espectáculo de estreia seria ainda editada em disco, em Maio, com entrada directa para o 20.º lugar do Top Nacional de Vendas, onde se manteve quatro semanas, e em vídeo, em Fevereiro de 1998.

Em Maio de 1997, os Mão Morta ganham um Prémio de Música Blitz – 1996 na categoria de “melhor vídeo-clip” – único ano em que essa categoria existiu –, com o vídeo de Chabala, realizado em Maio do ano anterior por Nuno Tudela para acompanhar a edição do single homónimo pela BMG. Em Junho é Adolfo Luxúria Canibal que recebe, na categoria “música”, o galardão regional bracarense A Nossa Terra, na sua primeira edição.

Ao vivo, destaca-se ainda a participação dos Mão Morta no 5.º festival internacional de Paredes de Coura, que encerrariam, actuando após os norte-americanos Rollins Band.

1997 termina com a inclusão de Müller no Hotel Hessischer Hof nas listas de melhores do ano de várias publicações, sendo “2º melhor disco nacional do ano” para o semanário Expresso e “5.º melhor disco nacional do ano” para o jornal Diário de Notícias.

1998

O 8º álbum: Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável

O Festival Mergulho no Futuro com Blonde Redhead e Unwound

Em Março de 1998 os Mão Morta, através de Adolfo Luxúria Canibal, são nomeados para um Prémio de Música Blitz - 1997, na categoria “melhor vocalista masculino nacional”. No mês seguinte são capa dos semanários Blitz e Raio X e editam Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável, um trabalho conceptual baseado nas teorias artístico-políticas da Internacional Situacionista, que tem entrada directa para o 12.º lugar do Top Nacional de Vendas.

Na tournée que se seguiu, os Mão Morta percorrem em Maio os eventos estudantis, com actuações na Queima das Fitas da Universidade de Coimbra, no Enterro da Gata da Universidade do Minho, em Braga, e na Semana Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, e actuam ainda no festival Mergulho no Futuro, em Agosto, nos Armazéns Abel Pereira da Fonseca, realizado no quadro da Expo 98, a Exposição Mundial de Lisboa, juntamente com os americanos Blonde Redhead e Unwound, numa selecção de Arto Lindsay, e na Recepção ao Caloiro do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, em Outubro.

Ainda em 1998, durante o mês de Maio, os Mão Morta tiveram 24 horas de emissão radiofónica dedicada ao grupo, na RUM – Rádio Universitária do Minho, num evento intitulado 24 Horas du Mão Morta, e são destaque na reportagem que a revista francesa L’Express faz sobre Lisboa. Alguns dos seus vídeos, bem como uma entrevista a Adolfo Luxúria Canibal, são difundidos pela emissora de televisão brasileira TV Globo.

Já em Julho é editado pela FNAC o livro Os Melhores Discos da Música Popular Portuguesa (1960-1997), que inclui os álbuns Mão Morta e Mutantes S.21, sendo este ainda incluído, em Outubro, na selecção Grandes Álbuns do semanário Raio X. Depois de em Setembro os Mão Morta terem sido capa do quinzenário cultural Jornal de Letras, Artes e Ideias, em Novembro o videoclipe Em Directo (Para a Televisão), mais uma vez realizado por Nuno Tudela, ganha o Prémio Nacional de Vídeo, na categoria “melhor produção”. O álbum que ilustrava, Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável, é considerado o “2.º melhor disco nacional do ano” pelo Diário de Notícias e um dos melhores do ano pelo semanário Expresso.

Ainda em Dezembro de 1998 são reeditados em CD os três primeiros álbuns do grupo, Mão Morta, Corações Felpudos e O.D., Rainha do Rock & Crawl.

1999

O Coliseu dos Recreios

O tributo a Xutos & Pontapés

O concerto em Paris

O festival Arezzo Wave Love Festival

Em Janeiro os Mão Morta enchem o Coliseu dos Recreios, a mítica sala de espectáculos de Lisboa, encerrando a apresentação de Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável com um concerto deslumbrante, onde recorrem à manipulação vídeo para construírem em palco a mistificação mediática de que tratava o disco.

Para além da edição em Janeiro do disco de homenagem aos Xutos & Pontapés – XX Anos XX Bandas –, galardoado disco de platina em Março, e no qual os Mão Morta participam com uma versão do tema Mãe, o ano de 1999 foi consagrado a espectáculos, com o grupo a bater novamente o seu recorde de concertos anuais, destacando-se a participação na Semana do Enterro da Universidade de Aveiro, num regresso à academia depois de dela terem sido banidos em 1993, e em vários festivais de Verão, como o Carviçais Rock, em Torre de Moncorvo, o Cellos Rock, em Barcelos, o Rock Feira, em Santa Maria da Feira, e o Noites Ritual Rock, no Porto.

Mas os espectáculos levam ainda o grupo para fora do país, com concertos em Paris (França), onde em Junho os Mão Morta são cabeças de cartaz na mostra PluxshshshFeira – Musiques Nouvelles du Portugal, e em Olmo e Arezzo (Itália), onde em Julho assinam uma fantástica actuação no maior festival italiano, o Arezzo Wave Love Festival.

O ano finaliza com um concerto memorável em Lisboa, no Lux, o novo espaço culto da capital, que se apresenta completamente esgotado para comemorar o 15.º aniversário da banda.

mão morta

Fotografia de Isa Dreyer-Botelho, 1995

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